O NÚMERO 1 DA LOTUS; A SENNA O QUE É DE SENNA

Ayrton Senna, o número 1 da Lotus; A Senna o que é de Senna

Agora primeiro piloto da equipe, o brasileiro barrou a contratação de Derek Warwick; a segunda vaga foi, então, para o novato Johnny Dumfries.

Foi só a temporada de 1985 entrar na reta final que as especulações sobre o futuro de Ayrton Senna na Fórmula 1 começaram a fervilhar. Rumores de uma transferência para a Brabham ganharam força depois que o brasileiro pegou carona no helicóptero de Bernie Ecclestone, seu fã declarado, ao término do Grande Prêmio da Áustria. Depois foi a vez de a imprensa italiana noticiar que, por um desejo de Enzo Ferrari, a escuderia do Cavallino Rampante investiria pesado para contratar a sensação do campeonato.

Ayrton ainda tinha mais um ano de contrato com a Lotus, mas, por via das dúvidas, Peter Warr se movimentou rápido para cortar as asas da concorrência. No dia 10 de setembro, em Londres, o chefe da equipe anunciou que Senna seria o primeiro piloto da Lotus na temporada seguinte, entregando ao brasileiro, em público, a posição que ele tanto almejava. O Ayrton Senna é um piloto de talento excepcional. Para mim, ele está no mesmo nível de Jim Clark e Jackie Stewart.

Com isso, Elio de Angelis, que já vinha sentindo a perda de espaço pelos bons resultados de Senna, virava oficialmente carta fora do baralho, nos bastidores, o italiano já havia até começado a ouvir propostas de outras escuderias. Mas Peter Warr já tinha na manga um nome para substituí-lo: Derek Warwick, piloto talentoso, experiente e, ainda por cima, inglês, como desejava a John Player Special. Mas tantos e tão bons predicados, ironicamente, o impediram de ser um dos pilotos da Lotus em 1986.

JOGO ABERTO

Realmente vetei o Derek Warwick para meu segundo piloto. Não tenho restrições pessoais contra ele, mas não acredito que um piloto com tanta tradição na Fórmula 1 fique sujeito a ser o segundo piloto de uma equipe, declarou Ayrton Senna, sem rodeios, no registro de O Globo de 1a de fevereiro. No início, ele poderia até aceitar a situação, mas tenho certeza de que, em um futuro próximo, ele iria causar problemas. E eu já tenho muitos.

A sinceridade de Senna causou-lhe uma avalanche de críticas na imprensa inglesa, enfurecida, entre elas, a do ex-piloto James Hunt, para quem, ao barrar o colega, o brasileiro teria deixado claro que não acredita em seu próprio talento. Com a fleuma que faltou aos britânicos, Senna explicou que não estava preocupado com a concorrência de Warwick, mas sim com o comprometimento dos recursos da equipe. O que ninguém mencionou é que a Lotus possuía um compromisso formal de dedicar empenho total a mim este ano, argumentou, em 12 de fevereiro. A entrada de outro piloto competente diluiria esse esforço.

NOBRE ESCOLHA

O brasileiro Mauricio Gugelmin, campeão da Fórmula 3 britânica em 1985 e amigo pessoal de Ayrton, chegou a ser cogitado para ocupar o segundo posto da Lotus. Diante de toda a novela, entretanto, não havia como Peter Warr entregar o carro a um piloto que não fosse britânico. Assim, o conde escocês John Colum Crichton-Stuart, sétimo Marquês de Bute, conhecido no mundo do automobilismo como apenas como Johnny Dumfries, foi escolhido, com a devida bênção de Ayrton.

Conheço bem o Dumfries, pois corremos na Fórmula 3 inglesa em 1983, e ele tendo uma oportunidade de ouro na Fórmula 1. Mantemos um bom relacionamento, e sua importância na equipe será muito boa no desenvolvimento do carro, garantiu o brasileiro, antes de embarcar para a França, onde começaria a testar a Lotus para o início da temporada de 1986. É um jovem com muita vontade, que vamos encontrar agora em Marselha, que, precisará conter a euforia natural de quem passa a Fórmula 1.

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