O TERCEIRO LUGAR NO CAMPEONATO DE 1987; FOI BOM ENQUANTO DUROU

Ayrton Senna, se despede da Lotus

Mesmo com sua melhor colocação na Fórmula 1 até então, Senna sofreu inúmeros problemas em 1987, que azedaram sua relação com a Lotus.

Como as duas Williams disputaram um campeonato á parte na temporada de 1987, terminar o ano na terceira colocação representava, na prática, a melhor posição que um piloto que não corresse pela escuderia de Frank Williams poderia conseguir.

Nesse torneio paralelo, Ayrton Senna, da Lotus, foi o vencedor, superando o bicampeão Alain Prost, da McLaren, quarto colocado, e Gerhard Berger, da Ferrari, o quinto.

Além disso, o terceiro lugar da classificação geral foi o melhor obtido pelo brasileiro até ali, em seus quatro primeiros anos de Fórmula 1 – nos dois anos anteriores, ambos da Lotus, havia terminado em quarto.

Mas, ao final da temporada, nem adiantava elencar esse retrospecto positivo para Ayrton. Aos 27 anos, o piloto já estava cansado de disputar o campeonato como coadjuvante e de comemorar prêmios de consolação, motivos pelos quais ele se despedia da Lotus sem esconder seu desapontamento com a escuderia.

ACABOU

Senna não se conformava com a incapacidade da equipe em preparar um carro á altura do motor Honda que ele havia batalhado para levar para a Lotus. O brasileiro enfrentou tantos problemas que a conquista do terceiro lugar, assim como os dois triunfos na temporada – em Mônaco e em Detroit, podem ser considerados como uma verdadeira façanha.

Eu vou ter sempre boas recordações da Lotus, onde venci meu primeiro Grande Prêmio, fiz uma infinita de pole positions e liderei uma infinidade de corridas, afirmou Senna antes do Grande Prêmio da Austrália, último compromisso do ano. Contudo, depois da prova, com a desclassificação causada por um erro da equipe, ele desabafou.

Eu decidi que não podia continuar na Lotus em Imola, na segunda corrida da temporada. Foi ali que comecei a trabalhar para levar o motor Honda para a McLaren e isso me fez trabalhar o ano inteiro para duas equipes. É um alívio que tenha acabado, mas muito triste que tenha acabado assim. De qualquer forma, Senna já preferia olhar para frente.

O que conta é que, depois de todos os problemas que enfrentei aqui, estou conseguindo ir para um lugar importante, numa equipe importante. Tudo vai ser muito diferente ano que vem. O projeto McLaren-Honda é fantástico e, a médio ou longo prazo, tenho certeza que ela será a maior equipe de todos os tempos da Fórmula 1, desbancando a história da Ferrari.

AMARELOU

No final do ano, de acordo com o combinado com Ron Dennis, Senna foi descansar no Brasil. Ele só começaria a testar a Mclaren em 1988.

Enquanto isso, boa parte dos pilotos já rodava com seus novos carros em Estoril. Entre eles estava Nelson Piquet, que havia trocado a Williams pela Lotus e deu em Portugal suas primeiras voltas com o bólido amarelo. É um carro muito gostoso de guiar. É mais macio que a Williams e não cansa, afirmou, em O Globo de 15 de dezembro de 1987. Terei o diagnóstico completo nas mãos até o fim de semana. E a primeira impressão não foi ruim. Acho que este carro é muito melhor do que o Ayrton andou dizendo, alardeou. Três dias depois, porém, o tricampeão dava o braço a torcer. Após ficar mais três segundos atrás de Gerhard Berger e Alain Prost – seu melhor tempo foi de 1m23s44, contra 1m20s03 do austríaco e 1m20s26 do francês. Piquet era obrigado a reconsiderar.

A Lotus não é um carro tão competitivo quanto á Williams, Ferrari e McLaren, afirmou. A única ressalva que faço é que estou testando a Lotus do Senna com a suspensão convencional. Ele, ao contrário, correu em 87 com a suspenção ativa. Apenas isso não me deixa fazer uma análise mais completa.

SPOILLER

A Lotus acabaria optando por retornar á suspensão ativa usada em 1987 roubava muita potência do motor. Nas 16 provas do Mundial de 1988, Piquet alcançaria o pódio somente três vezes, todas na terceira posição. Ele terminaria o campeonato em sexto, atrás de Senna, Prost, Berger, Thierry Boutsen e Michele Alboreto.

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