A verdadeira história da vitória de Senna no GP do Brasil em 1991

Ayrton Senna a vitória no GP do Brasil em 1991

Senna venceu no Brasil em 1991, algo que não havia feito antes. Tinha dado aos seus conterrâneos grandes momentos, mas na televisão e em lugares distantes. Agora, ele conquistou a pole motivado em grande parte pelo desejo de ter sucesso na frente do meu público. A torcida que eles fizeram foi inspirado. Quando você está saindo dos boxes, um bilhão de coisas passa por sua mente e por seu corpo. É um processo surpreendentemente rápido, tudo direcionado a uma única meta, tudo focado em um pequeno ponto. É algo tão distante que os seus olhos não conseguem ver. Tudo está, realmente, na sua mente.

Ele liderou, seguido de Mansell, e foi um tremendo ritmo desde o começo da corrida, com Mansell pressionando tanto que eu tinha de ir mais rapidamente. Não queria ir tão rápido aquela altura, mas tive de fazer isso para manter dois segundos a frente dele.

Mansell foi para os boxes com problemas na caixa de câmbio, mas voltou e, na quadragésima quinta volta, já estava forçando Senna novamente. Ele começou a pressionar de maneira incrível e eu tive de lidar com isso, sem supervalorizar nem menosprezar o que estava fazendo. Senna ganhou alguma distância, mas perdeu a quarta marcha. Para compensar isso, tive de colocar tanta força que quase rodei duas vezes.

Mansell teve um pneu furado e a caixa de câmbio de Senna ficou completamente louca a medida que se aproximavam da volta final. Pensei numa solução durante uma volta inteira e decidi deixar na sexta marcha e pilotar de um jeito completamente diferente. Nas curvas de alta velocidade, não ia tão mal, mas, nas de velocidades média e baixa, era um desastre.

Aqui, na estranha eloquência das estatísticas, está a obra de um mestre:

Volta 64 1m 24, 887s

Volta 65 1m 28, 305s

Volta 66 1m 28, 621s

Volta 67 1m 25, 899s

Volta 68 1m 25, 781s – já com o novo ritmo estabelecido

Patrese, agora era segundo, percebeu que Senna estava tendo problemas, mas também tinha problemas na sua caixa de câmbio; então, começou a chover, o que afastou a possibilidade de qualquer tentativa final de ultrapassagem, apesar de Senna observar constantemente seus espelhos retrovisores para ver onde Patrese estava. Eu não conseguia enxergá-lo. Ele ficou pensando: vai dar tudo certo.

E deu. Senna venceu por 2,9 segundos, uma vitória que ele comparou, em termos de importância emocional, a sua primeira, em Portugal em 1985, e a corrida que lhe deu o campeonato mundial de 1988, no Japão. Ele considerava essas corridas os marcos da sua carreira.

Senti que era minha obrigação vencer no Brasil. Forcei o carro, apesar da chuva. Também estava sentido sentindo cãibras e espasmos  musculares na parte superior do corpo, em parte porque o cinto de segurança estava apertado demais, em parte por causa da emoção. Ele passou pela linha de chegada, conquistou a vitória, e o o motor parou completamente, conforme descreveu. Não conseguia fazê-lo funcionar de novo. Então, a dor se tornou insuportável. Tentei relaxar. Sentia tanta dor nos ombros que não sabia se gritava, se chorava ou se sorria. Simplesmente, não sabia o que estava acontecendo. Diante de uma enorme multidão e, apesar da dor, ele fez todo país se levantar.

Ele ainda venceria mais cinco corridas rumo aquele terceiro campeonato, mas, em alguns momentos, compreendeu que não importava o quanto estivesse por cima. Logo seria a vez da Williams.

A pontuação final – Senna, noventa e seis; Mansell, setenta e dois; Patrese cinquenta e três – mostrou isso, e Senna percebeu. O Williams era o carro da vez.

 

 

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