AYRTON SENNA GP DO BRASIL 1994; FESTA ALEMÃ EM INTERLAGOS

Ayrton Senna GP do Brasil 1994; festa alemã em Interlagos

Na abertura da temporada de Fórmula 1, Michael Schumacher contou com a ajuda da Benetton no pit stop e venceu a prova com autoridade.

Não era apenas a estreia de uma nova temporada. Para Ayrton Senna, era a realização de um desejo pelo qual ele havia batalhado arduamente: pilotar uma Williams, o carro mais dominante na Fórmula 1 nos dois anos anteriores. E isso aconteceria logo na prova que mais mexia com suas emoções, o Grande Prêmio do Brasil, que teria como palco mais uma vez o Autódromo de Interlagos, em São Paulo. Era ali, no quintal de casa, que oficialmente começaria a arrancada para mais um título mundial.

Os testes de pré-temporada, porém, haviam mostrado que a realidade se distanciava do sonho alimentado nos últimos anos. Sem os sistemas eletrônicos que colocaram a Williams a quilômetros de distância da concorrência, agora proibidos pelo regulamento, o carro azul e branco se mostrava arredio, difícil de pilotar. Não á toa, nos treinos realizados em Imola, a Benetton de Michael Schumacher já havia registrados os melhores tempos da categoria.

Senna confiava nos ajustes a serem feitos pela equipe, mas não se cansava de dizer que a diferença das Williams para a Benetton agora era mínima – se ainda havia. De qualquer forma, a partir de 25 de março de 1994, data do primeiro treino oficial da etapa brasileira, falar já não tinha grande serventia. O negócio era acelerar, porque a temporada começava para valer.

PRIMEIRA POLE

Senna fez sua parte desde o início, garantindo, na sexta-feira, a pole provisória com uma vantagem de apenas 189 milésimos para Schumacher: 1m16s386 contra 1m16s575 do alemão. Eu previa isso desde os primeiros testes, avisava que a distância ia encolher, que não haveria mais aquela vantagem imensa das Williams. As pessoas, porém, achavam que eu estava escondendo as possibilidades do meu carro, declarou o tricampeão.

No sábado, o duelo com o alemão continuou. Schumacher foi para a pista logo nos primeiros minutos do treino e conseguiu superar o tempo de Senna, cravando 1m16s290. Ayrton saiu em seguida e retomou a liderança, primeiro com uma volta de 1m16s129 e depois com um giro voador, 1m15s962. Ainda restava cerca de meia hora para o fim da sessão quando a chuva anunciada pela meteorologia deu mesmo as caras em Interlagos. E assim se confirmava a primeira fila com Senna em primeiro e Schumacher em segundo. Atrás deles, vinham Jean Alesi, da Ferrari, e Damon Hill, da Williams.

BOA LARGADA, PARADA RUIM

Senna não titubeou na largada e pulou na frente, enquanto Alesi conseguiu ultrapassar Schumacher e assumiu a segunda colocação. Mas seria por pouco tempo: na volta seguinte, o alemão retomou a vice-liderança e acelerou para tentar alcançar Senna.

O brasileiro seguia com uma boa vantagem até a 21* volta, quando ambos pararam nos boxes para fazer o reabastecimento. Schumacher entrou depois, ainda assim, conseguiu sair antes de Senna e voltou em primeiro lugar. E foi esse bom trabalho da Benetton que acabou por selar o destino da prova. A partir daí, Schumacher pôde ditar o ritmo da corrida, usando e abusando da potência de seu motor Ford. Em poucas voltas, o alemão abriu uma excelente vantagem, acelerando um carro que se mostrou muito bem ajustado para Interlagos.

A Senna, restava andar no limite na tentativa de alcançar o líder. Até que, na volta 56 de um total de 71, o brasileiro rodou sozinho na entrada da curva da junção e viu sua corrida chegar ao fim. O erro custou não apenas o direito de brigara pela liderança, mas também um segundo lugar que já estava, na pior das hipóteses, praticamente garantido. Schumacher acabaria dando uma volta em Hill e Alesi, segundo e terceiro colocados, para vencer o Grande Prêmio do Brasil com total autoridade.

DECLARAÇÕES SINCERAS

Percebi que a única forma de passar Senna seria no pit stop, admitiu o alemão da Benetton após a corrida. E a equipe fez um trabalho fantástico, me dando a oportunidade de vencer logo na primeira corrida. Isso é uma recompensa ao duro trabalho que fizemos no inverno. Se hoje estamos mais bem preparados do que os outros, é porque trabalhamos para isso.

Por outro lado, Bernard Dudot – responsável pelos motores Renault que equipavam as Williams – afirmou que ainda havia muito a fazer para dar a Senna um carro em condições de brigar pelo Mundial. Ao comentar o episódio que custou a corrida do brasileiro, resignou-se. Só aconteceu porque ele teve de andar acima do limite.

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