AYRTON SENNA LOTUS 99T TEMPORADA 1987

Ayrton Senna Lotus 99T temporada 1987

O 99T foi projetado por Gérard Ducarouge e Martin Ogylvie para a Lotus e utilizado na temporada de 1987. O engenheiro aeronáutico francês, mesma formação acadêmica de Colin Chapman, o dono da escuderia – acumulara grande experiência em seu campo no automobilismo internacional de ponta, tendo trabalhado para a Matra, Ligier e Alfa Romeo, que o demitiu quando o Alfa Romeo 890T do italiano Andrea de Cesaris foi desclassificação por estar abaixo do peso mínimo após a primeira sessão de treinos classificatórios para o GP da França de 1983.

Peter Warr, que havia assumido a direção do Team Lotus após a morte de Colin Chapman no final de 1982, não deixaria Ducarouge desempregado por muito tempo. Em seguida ao GP da Bélgica, 35 dias depois de perder o emprego na Alfa Romeo, o engenheiro francês passava a trabalhar para a escuderia Team Lotus. Imediatamente começou a trabalhar no Lotus 94T, que foi projetado e construído em apenas cinco semanas e, de certo modo, obteve algum sucesso no resto da temporada de 1983.

DE VOLTA AO SUCESSO

A chefia de Ducarouge, de 1984 a 1987, após uma reestruturação na Lotus, resultou na volta da equipe ao sucesso. Em 1985, Ducarouge teve a ventura de receber na equipe Ayrton Senna, no GP de Portugal, Autódromo do Estoril, que, sobe chuva torrencial, conquistou sua primeira vitória com o 95T de Ducarouge.

Após a Renault deixar a F1 no final de 1986, a Lotus assinou um acordo com a Honda para usar seu potente 1.500 cm3 turbo, embora, por conta de um contrato existente com a Williams dando-lhe exclusivamente do Honda RA167-E de especificação 1987, a Lotus não tivesse opção senão pegar o RA166-E de 1986. Ainda, como parte do acordo, a Lotus contratou Satoru Nakajima para ser o companheiro de equipe do rapidíssimo Ayrton Senna. Muitos acharam que Nakajima estava ali graças á sua nacionalidade e também á Honda, acrescentando pouco á equipe, além do motor japonês.

MUDANÇA DE PATROCINADOR

Outra novidade era a Lotus ter perdido seu antigo patrocinador, a marca de cigarros John Player Special (patrocínio vetado, hoje, pela FIA). Agora, o novo sponsor era outra marca de cigarros, a Camel, levando ao fim a pintura preta com logos em filetes dourados que ficou famosa e dando passagem á nova pintura amarelo-ovo com logos azul.

O 99T foi o primeiro Lotus a ser dotado de suspensão ativa com o controle eletrônico. As vantagens do sistema em manter a altura de rodagem constante e evitar afocinhamento e rolagem tiveram seu custo: o peso. Eram 25 kg a mais no carro, absorvendo cerca de 5% da potência do motor. Ducarouge empenhou-se ao máximo para compensar a deficiência passando muitas horas no túnel de vento, embora, ao final da temporada, Senna descrevesse o carro como 96T do ano anterior com motor Honda em vez de Renault, sendo muito criticado pelo que disse.

O carro estreou no GP do Brasil, a primeira prova do campeonato, em Abril de 1987, no Rio de Janeiro, Autódromo de Jacarepaguá. Nigel Mansell, com seu Williams-Honda, fez o melhor tempo na classificação, seguido de Nelson Piquet, com carro igual, e Senna em terceiro com a Lotus 99T. Na corrida o motor quebrou na 50* volta, das 61. Prost, com McLaren-TAG-Porsche, venceu, com Piquet em segundo e o sueco Stefan Johansson, companheiro de equipe de Prost, em terceiro.

CRÍTICAS

O 99T foi considerado como o mais volumoso dos carros que venceram em 1987, junto com Williams FW11B, McLaren MP4/3 e Ferrari F1/87, todos considerados melhores em aerodinâmica que o Lotus. O 99T provou ser competitivo nas mãos talentosas de Senna, que obteve duas vitórias e subiu ao pódio seis vezes naquele ano. O carro era particularmente eficiente em pistas onduladas como os dos circuitos de rua de Mônaco e Detroit, as únicas vitórias de Senna em 1987. A temporada terminou com Senna e Lotus em terceiro nos respectivos campeonatos. Um detalhe importante foi que a vitória de Senna em Detroit, no GP dos Estados Unidos, seria a última da equipe que consagrou Colin Chapman antes de o brasileiro se transferir para a McLaren para a temporada de 1987 não foi muito boa para Senna, do mesmo modo que na temporada de 1984 o jovem piloto brasileiro não tinha conseguido cumprir seus objetivos. Mas, apesar dos pesares, 1984 não podia ser pior porque foi um marco para Senna: foi seu ano de estreia na Fórmula 1 com a Toleman.

EVOLUÇÃO

O Lotus 99T evoluiu em 1988 como 100T, praticamente sem mudanças significativas: dianteira redesenhada, entre-eixos mais longo, carroceria mais estreita e motor RA168-E.

O piloto número 1 agora era Nelson Piquet, campeão mundial de 1987 e vindo da Williams.

O piloto 2 continuava a ser Satoru Nakajima.

O 99T media 4.216 mm de comprimento, 2.146 mm de largura e 1.003 mm de altura, com entre-eixos de 2.718mm e bitolas de 1.803mm e 1,651 mm dianteira e traseira. Sua massa era de 539 kg sem combustível e piloto.

Como o motor RA166-E V-6 a 80* de 1.477 cm3 (80 x 49 mm) desenvolvia 800 cv, sua potência específica era de 542 cv/l e a relação peso-potência do carro era 0,67 kg/cv. Os dois turbocompressores eram IHI (Ishikawajima Heavy Industries) e ao motor ia atrelado um transeixo Lotus-Hewland de seis marchas. O monobloco era em compósito de fibra de carbono com suspensões ativas por braços triangulares superpostos e molas helicoidais, e os freios eram a disco de carbono nas quatro rodas.

Apesar de tantas qualidades, o carro não fez muito nas dezesseis corridas em que participou, tendo conseguido apenas vencer duas vezes em 1987, em Detroit e Mônaco, com Senna.

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