AYRTON SENNA; NOVA POLÊMICA COM ALAIN PROST; RIVALIDADE RENOVADA

Ayrton Senna, nova polêmica com Alain Prost

Veto do piloto francês á presença de Ayrton Senna na Williams em 1993 fez o brasileiro usar palavras duras para definir a atitude do rival.

Alain Prost não correu na Fórmula 1 na temporada de 1992, mas ainda assim seu nome esteve presente nas manchetes dos cadernos esportivos desde o início do ano – e, de novo, em rota de colisão com Ayrton Senna. Dessa vez, a briga entre eles não era por posições na pista, e sim pelo direito de pilotar uma Williams em 1993.

Para entender esse capítulo da rivalidade entre o brasileiro e o francês, é necessário voltar ao final da temporada de 1991. Após dizer que a Ferrari 643 mais parecia um caminhão, Alain Prost teve seu contrato rescindido pela equipe italiana; com as vagas nas grandes equipes já todas preenchidas para a temporada seguinte, o francês, sem muita opção, decidiu tirar um ano sabático em 1992.

Ayrton Senna não escondia de ninguém que desejava guiar uma Williams em 1993, após o encerramento de seu contrato com a McLaren. Há muito, o brasileiro avisava que o carro azul e branco, com a fantástica suspensão ativa e o veloz e possante motor Renault, não tinha rivais na categoria, algo que ficou explícito ao longo da temporada de 1992, com Mansell dominando facilmente o campeonato mundial. Não á toa, Senna definiria o Williams FW14B como um carro de outro planeta.

ALIANÇA FRANCO-INGLESA

Mas o sonho de Senna começou a desmoronar ainda no início de 1992, quando, na surdina, Frank Williams e Alain Prost assinaram o famigerado acordo para que o francês voltasse á categoria em 1993. Oficialmente, ambas as partes negavam qualquer tipo de acerto. O francês ainda ia mais além, jurando de pés juntos que não tinha nenhum contrato com a Williams como também não vetaria Ayrton Senna como companheiro de equipe.

Com a renovação de Nigel Mansell com a Williams oficialmente indefinida, Ayrton Senna, no final de semana do Grande Prêmio da Hungria, deu a famosa declaração dizendo que pilotaria a Williams até de graça. Eu sei que há algumas pessoas para as quais o dinheiro é uma coisa muito importante. Uma proposta dessas sempre parece interessante. E o que eu queria era guiar um carro competitivo. Não me interessava e não me interessa ao lado de quem. Prost, Mansell, qualquer um, explicou o brasileiro, algumas semanas mais tarde. Eu tenho de cuidar de mim, de minha carreira, e fiz isso porque acho que as Williams ano que vem serão melhores que os outros carros.

JOGO DE CENA

Quando Mansell anunciou sua aposentadoria, no dia 13 de setembro, em Monza, o acerto prévio entre Williams e Prost ficava cada vez mais evidente. Mas os desmentidos continuavam. Prost até admitia as negociações, mas garantia que, em caso de um acerto, não teria ingerência na escolha de Ayrton Senna como companheiro de equipe. O que eu sei é que há alguns problemas na equipe para sua entrada, mas esse é um assunto que está sendo discutido. Correr com Senna, na minha opinião, não vai ser bom nem para os pilotos nem para a equipe, mas essa é uma decisão que está nas mãos da Williams.

Senna, imediatamente, rebateu. Ele tem de dizer isso com a mão sobre a Bíblia. Eu digo que ele tem contrato desde janeiro. E que nesse contrato ele impede que eu dirija a seu lado. Ele pode dizer o que quiser, declarou.

CAI O PANO

A verdade finalmente apareceu em Estoril, dia 19 de setembro. E de forma dupla: não apenas a Williams confirmou que Prost seria um de seus pilotos em 1993, mas o próprio francês admitiu, pela primeira vez, que havia vetado a contratação de Senna pela equipe. A minha experiência me aconselhou a isso, justificou. Não quero que minha luta com Senna comece dentro da equipe, no primeiro dia de trabalho. Eu estou de volta com um carro competitivo e para ganhar o Mundial. Espero que Senna tenha também um carro competitivo, porque poderíamos fazer uma batalha bonita, honesta, esportiva.

E foi então que, diante de todas as câmeras, na coletiva de imprensa após o Grande Prêmio de Portugal, Senna fez o mundo conhecer sua opinião sobre o assunto. De forma cristalina, dissecou o assunto, usando palavras fortes.

Se Prost quer voltar de uma forma esportiva, talvez vencendo outro campeonato, deveria ser esportivo. Da maneira como está fazendo, ele está se comportando como um covarde, disparou. Se ele quer ser esportivo, deve estar preparado para correr contra qualquer um, em qualquer condição, em termos iguais, continuou Senna, que usou uma metáfora para deixar a questão ainda mais clara. Tudo foi colocado á disposição dele antes que começasse a disputa. É como se fosse participar de uma corrida de 100 metros e quisesse usar tênis de corrida, e todo o resto só pudesse usar sapatos de chumbo. É assim que ele quer correr. Isso não é automobilismo.

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