AYRTON SENNA UM FINAL DE PROVA QUE AGRADOU A TODOS; TUDO RESOLVIDO, NADA DECIDIDO

Ayrton Senna um final de prova que agradou a todos; GP de Monza 1991

Senna e Mansell subiram ao pódio com s sensação do dever cumprido, enquanto Prost deu uma inesperada alegria aos torcedores da Ferrari.

Uma corrida de alto nível como o Grande Prêmio da Itália de 1991 só poderia mesmo terminar com um pódio peso-pesado. E nele apenas se viam sorrisos, apesar das brigas, rusgas e intrigas que marcaram, durante boa parte do tempo, a relação entre esses gigantes. Naquele momento, porém, Ayrton Senna, Nigel Mansell e Alain Prost, então os três maiores nomes da Fórmula 1, tinham motivos para celebrar o resultado final da belíssima prova realizada em Monza.

Mansell, além das razões óbvias – havia sido o vencedor da corrida – celebrava a manutenção do sonho de chegar a seu primeiro campeonato mundial. Sua desvantagem para Senna havia caído para 18 pontos. Faltam quatro corridas e são 40 pontos. Nossos carros estão excelentes e poderão andar bem em todos os circuitos, animou-se. Mesmo com o melhor equipamento, o inglês afirmou que não foi fácil ultrapassar Ayrton, o que valorizou ainda mais sua vitória. Ayrton deve ter duas cabeças para olhar nos dois espelhos ao mesmo tempo. Ele cobre os espaços muito bem.

O brasileiro também se deu por satisfeito com o segundo lugar. Acho que os seis pontos que consegui minimizaram a perda da corrida. Estrategicamente, em termos de campeonato, a posição foi perfeita e eu estou satisfeito.

O Mansell, se quiser ganhar, vai ter que vencer tudo, não pode ter um problema sequer. E essa não é uma posição confortável, analisou.

Ainda em Monza, Senna fez uma rápida análise dos palcos das próximas duas disputas pelo título, que incluíam um novo circuito para o Grande Prêmio da Espanha, em Barcelona. A Espanha ninguém conhece. Portugal é uma pista tecnicamente bem diferente dessa daqui e talvez nosso carro funcione um pouco melhor. Com isso talvez a diferença que nos separa deles acabe não existindo e a luta seja mais equilibrada. É imprevisível, mas temos de evoluir mais para lutar no mesmo nível.

Por fim, Alain Prost, o terceiro colocado, comemorava sua volta ao pódio após quatro corridas de ausência – nas 11 corridas disputadas até então em 1991, o francês só havia chegado ao pódio três vezes, nenhuma delas no degrau mais alto. O até certo ponto surpreendente desfecho foi motivo de comemoração no box ferrarista e nas arquibancadas.

O resultado foi muito bom, especialmente para a equipe. Considerando nossa posição no grid, não poderia esperar muito mais do que isso, admitiu Prost, mantendo o sonho de conseguir a primeira vitória ainda até o fim do ano. Mas para isso precisamos melhorar o acerto do chassi e largar na primeira fila.

CONTROVÉRSIA

O Grande Prêmio da Itália também a primeira corrida de Michael Schumacher pela Benetton. Para entregar um cockpit ao alemão, que havia estreado na categoria na corrida anterior, pela Jordan, a Benetton desalojou o brasileiro Roberto Pupo Moreno, em uma atitude que foi repreendida no circo da Fórmula 1. Eu não sei exatamente o que aconteceu, mas acho que é uma sujeira muito grande. Se você contrata um piloto para uma temporada, existe um compromisso do piloto com a equipe, e vice-versa, opinou Senna.

Mesmo que o contrato dele desse a oportunidade de a equipe fazer isso, existe um princípio a ser obedecido. Se agora qualquer equipe, de uma hora para outra, decide mudar por razões comerciais ou esportivas, isso vira uma bagunça, avaliou o bicampeão mundial. Se as pessoas não respeitam mais os princípios, isso é muito ruim para a Fórmula 1. Estou nisso há alguns anos e experimentei situações de frustração com relação a atitudes similares, não só de ter um contrato assinado, mas até de ter palavra, de dar a mão e acertar uma coisa, e as pessoas de repente pularem para trás. É um troço frustrante, que infelizmente faz parte do nosso ambiente. Nesse meio, quem pode mais chora menos.

No final, a Benetton se deu bem com a manobra. Schumacher terminou o GP da Itália na quinta colocação, logo á frente de seu companheiro de equipe, o brasileiro Nelson Piquet, que, em seu 200a Grande Prêmio na Fórmula 1, chegou em sexto.

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