GP DA ALEMANHA 1990; UM FINAL SEM CLÍMAX

Ayrton Senna GP da Alemanha 1990

Ainda á sombra do julgamento de Senna, corrida em Adelaide foi comprometida pela chuva e terminou com pódio improvável.

Depois de duas semanas de intensa atividade fora das pistas, fruto da turbulência gerada pelos desdobramentos do Grande Prêmio do Japão, a Fórmula 1 voltava a ligar os motores na Austrália para a última etapa da temporada de 1989. Naturalmente, toda a polêmica que envolvia Ayrton Senna, Alain Prost, McLaren e Jean-Marie Balestre, presidente da Federação Internacional de Automobilismo (FIA), seguia na ordem do dia em Adelaide – o que deu contornos deferentes á prova, marcada para 5 de bastidores que determinou sua desclassificação em Suzuka e com o julgamento sumário que confirmou a decisão – e ainda o puniu com suspensão e multa – Senna chegava o último desafio de 1989 com um sentimento diferente.

Em vista das circunstâncias, este não é um processo normal de fazer o acerto, sentar, entender, guiar e modificar o carro. Estou motivado apenas pelos compromissos com o público, a equipe e os patrocinadores, e não pelo prazer, afirmou antes dos treinos. O negócio agora é procurar controlar os ânimos, o ímpeto, e amanhã procurar fazer o o que posso fazer. Não vai ser fácil, mas temos condições de conseguir o melhor acerto para amanhã.

RECORDE

Sob muito calor na sexta-feira, Alain Prost conseguiu o melhor tempo da primeira sessão de classificação, 1m17s403, seguido de perto por Senna, 1m17s712. Sábado foi igualmente quente, mas desta vez o brasileiro reencontrou o caminho da pole: com a marca de 1m16s665, Ayrton bateu o recorde extraoficial do circuito, estabelecido em 1987 pela Ferrari de Gerhard Berger, 1m17s267 não custa lembrar, na era do turbo. Mesmo sem melhorar seu tempo de sexta-feira, Prost garantiu o segundo posto na largada, seguido por Pierluigi Martini, da Minardi (1m17s623), e Alessandro Nannini, da Benetton (1m17s762).

A temporada acabava, assim, com Ayrton registrando 13 poles em 16 provas. Só não liderou o grid de largada no Canadá e na França, onde Prost saiu na frente, e na Hungria, pole de Ricardo Patrese, da Williams. Na soma da carreira, Senna, recordista absoluto no quesito, tinha agora 42 poles em 94 corridas, índice assombroso de 44,2%.

CONFUSÃO

Por todas as razões do mundo, Senna tinha o desejo de fechar a temporada com uma vitória. Mas toda estratégia, sua e dos demais pilotos, foi por água abaixo com a chuva que começou a cair antes da corrida. Não foi uma chuva qualquer: foi um aguaceiro como há muito não se via e que obrigou a organização a liberar um treino extra de 30 minutos, entre o warm up da manhã e o início da prova, para que as equipes ajustassem seus carros para o novo cenário meteorológico.

Durante essa sessão, ficou claro que as condições estavam impraticáveis para o automobilismo de alto nível. A direção de prova, todavia, ignorou o argumento de alguns pilotos que manifestaram sua preocupação com a segurança e determinou a largada, que foi confusa: quando o sinal verde apareceu, alguns pilotos ainda estavam se posicionando no grid, vindos de uma volta de apresentação muito lenta.

Em meio ao dilúvio, Prost acelerou para tomar a ponta, mas Senna, antes da primeira curva, retardou a freada e retomou a posição. Com visibilidade baixa e pista encharcada, a volta inicial registrava diversas aquaplanagens e rodadas. Mas quando o finlandês J.J Letho perdeu o controle e sua Onyx e o carro ficou atravessado na pista, a prova foi interrompida.

Apesar do novo protesto da maioria dos pilotos, a organização determinou a segunda largada. Prost, com o título assegurado, preferiu não correr riscos e manteve sua McLaren nos boxes. Senna, então, disparou na frente: com a pista livre, abriu 9 segundos de Pierluigi Martini já na primeira volta. No 13a giro, com uma liderança de mais de 30 segundos para o novo segundo colocado, Thierry Boutsen, Ayrton se preparava para dar uma volta em Nelson Piquet quando atingiu á traseira de Martin Brundle, da Brabham. Fim da corrida para o brasileiro da McLaren.

Apenas oito carros terminaram a prova, que teve um pódio improvável, com Thierry Boutsen, o vencedor, Alessandro Nannini, segundo colocado e Ricardo Patrese, terceiro. Mas o maior indício de que a corrida foi mesmo inusitada – e de que talvez o melhor era que tivesse sido cancelada – foi o fato de que a volta mais rápida da corrida, 1m38s480, coube a …. Satoru Nakajima, da Lotus.

 

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