GP DE MÔNACO 1989; ALMA LAVADA

Ayrton Senna vence o GP de Mônaco 1989

Senna respondeu na pista as acusações de Prost e venceu com uma vantagem de quase um minuto sobre o companheiro de equipe.

Em 14 de abril de 1929, as ruas de Monte Carlo sediaram a primeira prova daquele que se tornaria o Grande Prêmio mais famoso do automobilismo mundial. O inglês William Grover Williams, ao volante de uma de uma Bugatti 35B com pintura verde, superou outros 17 concorrentes e saiu com a vitória, sendo pessoalmente parabenizado por Luís II, príncipe de Mônaco.

A tradição continuava intacta 60 anos depois; era certo que o príncipe Rainier III, filho de Luís II, estaria no pódio para entregar o troféu ao vencedor. E apesar de 29 carros estarem inscritos na prova, parecia altamente improvável que uma McLaren não chegasse em primeiro. A não ser que a guerra entre Ayrton Senna e Alain Prost, que agora era declarada e havia atingido ponto de ebulição na véspera do Grande Prêmio de Mônaco, acabasse por tirar ambos da disputa.

Do jeito que eles estão, pode sair faísca, alertou, com conhecimento de causa, o experiente Michele Alboreto, da Tyrrell.

POLE VOADORA

No dia do primeiro treino oficial, quinta-feira, 4 de maio de 1989, o brasileiro foi mais rápido: 1m24s126. O francês veio logo atrás, com 1m24s671. Como manda a tradição de Mônaco, sexta era dia de folga; Senna não apareceu no circuito, mas Prost compareceu e soltou o verbo contra o brasileiro, acusando-o, ainda por conta da ultrapassagem em Imola, de não ser honesto.

No sábado, Senna falou pouco, sem querer estender o assunto. Sua resposta veio na pista, garantindo mais uma pole a terceira consecutiva na temporada com uma volta impressionante: 1m22s308, nada menos do que 1s15 mais rápida do que a melhor marca do francês, 1m23s456. O tempo de Ayrton é excepcional, podem acreditar, afirmou Prost, resignado. Se não sair mal e não cometer erros como no ano passado, Senna será inalcançável na prova.

O brasileiro não entrou no jogo e passou longe de cantar vitória, ainda que admitisse (e comemorasse) a vantagem da pole. O carro está muito equilibrado. Como a corrida é longa e cansativa e largarei na frente, será possível controlar os adversários, pois não é fácil ultrapassar em Mônaco.

Mesmo com um carro logo atrás, é possível dosar o motor, esperar que o carro fique mais leve ou melhor a temperatura de pneus. Mas Mônaco é sempre imprevisível, afirmou Ayrton, lembrando sempre da distração que lhe custou a vitória em 1988. Só não ganhei no ano passado por um erro meu.

IMPECÁVEL

Dessa vez, porém, Senna seria absolutamente impecável, alcançando uma vitória de ponta a ponte que, em suas palavras, foi de lavar a alma. Ayrton cruzou a linha de chegada com uma vantagem de 52 segundos sobre Prost, uma eternidade em se tratando de companheiros de equipe de alto nível.

A corrida, na verdade, teve alguma tensão até a 15a volta. Na largada, Senna manteve a vantagem, mas Prost parecia decidido a incomodar o brasileiro e manteve seu bico colado na traseira da McLaren do rival. Mas quando começaram a aparecer os retardatários, o arrojo do brasileiro passou a fazer a diferença; enquanto Ayrton se livrava rapidamente do tráfego, Prost se enroscava. O francês demorou quase uma volta inteira para conseguir passar o compatriota René Arnoux, da Ligier; quando o fez, Senna já estava 16 segundos á sua frente.

Prost ainda deu um tremendo azar quando Andrea de Cesaris, da Dallara, colidiu com Nelson Piquet, da Lotus, ao tentar uma volta sobre o brasileiro; com a pista bloqueada, os carros que vinham na sequência perderam segundos preciosos. A vantagem de Senna já havia subido para 36 segundos. Au revoir, Prost.

NADA FÁCIL

Queria muito vencer aqui depois do que aconteceu o ano passado, e quanto a isso me refiz totalmente, afirmou Ayrton, aliviado, após a prova. Sobre os problemas da equipe, é realmente difícil manter um bom relacionamento nesse nível de competição e, muitas vezes, dá confusão.

Falou-se demais sobre isso e falou-se muita bobagem. Mas agora já está tudo bem. Veremos……

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