GP DE PORTUGAL 1989; IRRESPONSABILIDADE INGLESA

Ayrton Senna GP de Portugal 1989; Mansell maluco

Mansell ignora a bandeira preta, bate em Senna e abre caminho para a vitória de Berger e para a disparada de Prost no campeonato.

Apesar do tremendo golpe que a sorte lhe reservara no Grande Prêmio da Itália, quando o motor estourou a nove voltas do final e impediu a vitória que parecia líquida e certa, Ayrton Senna não havia jogado a toalha. A vantagem de Alain Prost na tabela, sem dúvida, era enorme: 20 pontos, com apenas quatro provas a serem disputadas. Mas enquanto a matemática permitisse, o brasileiro seguiria sonhando com o bicampeonato.

Se você dividir esses pontos por quatro provas já não é tanta coisa. Ainda tem muito ponto em jogo, é possível vencer. É muito ponto em jogo, é possível vencer. É muito difícil, mas eu vou lutar até o final, afirmou após a prova em Monza, em 10 de setembro de 1989.

A próxima etapa aconteceria duas semanas depois: o Grande Prêmio de Portugal, no Autódromo de Estoril. O problema é que, além de superar Prost, Ayrton ainda teria de se preocupar com as Ferrari, que vinham melhorando a cada prova e já começavam a fazer frente ás McLaren. Nigel Mansell, por exemplo, havia vencido o Grande Prêmio da Hungria, com Ayrton Senna ficando apenas na segunda colocação; nos treinos de Monza, Gerhard Berger e Mansell haviam deixado Prost para trás, conquistando a segunda e a terceira posições no grid de largada, atrás apenas de Senna.

QUÁDRUPLA DISPUTA

O defensor do título mundial já tratou de mostrar a que veio logo na sexta-feira: seu tempo de 1m15s496 foi quase 2 segundos mais rápido do que o de Prost – que sofreu com a baixa aderência e amargou apenas o quinto posto, atrás de Berger, de Pierluigi Martini, da Minardi, e de Ricardo Patrese, da Williams. Confiante, Senna não se surpreendeu com o resultado. Se você olhar desde que cheguei na McLaren, eu sempre fui mais rápido do que ele (Prost), até mesmo os quase 2 segundos de hoje. Quem sabe amanhã ele melhore mais do que eu, afirmou.

De fato, seria uma façanha baixar muito seu tempo, mas o brasileiro ainda conseguiu tirar muito seu tempo, mas o brasileiro ainda conseguiu tirar alguns centésimos, conquistando sua décima pole na temporada com 1m15s468.

Como Senna havia previsto, Prost melhorou sua marca em mais de 1 segundo, fechando com 1m16s204. O problema é que as duas Ferrari também superaram os tempos do dia anterior, e assim, Berger (1m16s059) e Mansell (1m16s193) ficaram com a segunda e a terceira posições no grid, empurrando o francês para a quarta colocação.

A promessa de uma disputa contra três ferozes adversários não preocupava Senna, ao contrário. É nesses momentos que consigo um algo mais. Penso que as situações de frustração revelam caráter e a força de cada um de nós em assimilar o que se passou e tirar estímulo disso. É assim que funciona para mim.

LUNÁTICO Á SOLTA

Infelizmente, não era assim que funcionava para Nigel Mansell, como ficou definitivamente provado na corrida disputada em 24 de setembro no Estoril.

A expectativa de uma prova acirrada, é verdade, se concretizou desde a largada, quando Berger pulou á frente de Senna que, por sua vez, precisou suar para conter o avanço de Mansell. Mas o desempenho das Ferrari era evidentemente superior; na sétima volta, o inglês passou o brasileiro e partiu para cima de Berger. Mansell tomaria a ponta na 22a volta, quando o austríaco se enrolou com dois retardatários.

Na 40a volta, o leão foi para o pit stop mas, estabanado, acabou passando do box da Ferrari, parando um pouco mais á frente, já no espaço da McLaren. Ao invés de esperar os mecânicos italianos para empurrarem seu carro de volta, como manda o regulamento, Mansell engatou marcha á ré, o que é terminantemente proibido. Após a parada, o piloto da Ferrari voltou á pista, mas os comissários já deliberavam sobre a sua punição. E assim, na 46a volta, comunicaram sua desclassificação.

De forma inacreditável, porém, um alucinado Mansell ignorou a bandeira preta e seguiu pilotando. Pior: três voltas depois, em uma manobra absolutamente injustificável agravada pelo fato de que estava desclassificado, o inglês forçou a passagem na curva 1 do circuito, invadindo o traçado de Ayrton Senna, com quem disputava a segunda colocação, e atingiu a roda traseira direita da McLaren. O impacto lançou o carro do brasileiro para fora da pista e obrigou Senna a abandonar.

Sem seus mais diretos perseguidores, Berger rumou tranquilo para sua primeira vitória na temporada. A segunda colocação caiu no colo do até então discreto Prost, que ficava mais perto do que nunca da conquista do título: agora, sua vantagem para Senna era de 26 pontos.

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