GP DE SAN MARINO 1989; VITÓRIA DA RESISTÊNCIA

Ayrton Senna vence o GP de San Marino 1989

Em prova marcada por chocante acidente de Gerhard Berger, Senna segurou a pressão de Prost e ganhou a primeira na temporada.

Ayrton Senna estava esperançoso na véspera dos primeiros treinos para o Grande Prêmio de San Marino de 1989, marcado para 23 de abril. Foi em Imola que comecei minha caminhada para o título do ano passado, depois do azar que tive no Rio. Este ano, as coisas andaram mal para mim no GP do Brasil. Naturalmente, espero repetir 1988, disse.

Entretanto, não era apenas pelo bom retrospecto do ano anterior que o brasileiro chegava confiante em Imola. Nas duas semanas anteriores, Ayrton havia testado a nova McLaren á exaustão no circuito italiano, com excelentes resultados. O motor e o chassis da McLaren, durante os testes encerrados na semana passada, foram preparados para as condições específicas desta pista, e não estamos prevendo qualquer dificuldade, revelou.

Eles só não tinham como imaginar o temporal que caiu na tarde da sexta-feira, dia 21, e que acabou com qualquer previsão na primeira sessão de classificação.

Com a pista molhada e lisa, Gerhard Berger, da Ferrari, terminou á frente, seguido por Senna e Alain Prost. Mas a boa colocação do austríaco só valeria de algo se o sábado também fosse chuvoso; caso contrário, todos os pilotos certamente baixariam suas marcas, como explicou o francês da McLaren. A comparação entre o melhor tempo da tarde, feito por Berger, 1m42s781, e o tempo que fiz pela manhã, 1m26s736, é a melhor demonstração de como estava a pista, mesmo agora no fim, quando parou de chover.

SEM SURPRESAS 

No sábado, a chuva foi embora, e a lógica voltou. Senna voou baixo e registrou 1m26s010, batendo seu recorde extraoficial da pista, que era de 1m27ss148, obtido no ano anterior. A seu lado na primeira fila, como era esperado, estava Alain Prost, que marcou 1m26s235.

Atrás deles, as Ferrari e as Williams vinham intercaladas na briga pelo terceiro e último lugar no pódio; afinal, caso não ocorresse imprevisto algum, a dobradinha da McLaren era uma certeza. Nigel Mansell, da Ferrari, marcou 1m27s652, seguido por Ricardo Patrese, da Williams 1m27s920, Berger 1m28s089 e Thierry Boutsen 1m28s308.

Com mais essa pole, Senna batia um novo recorde na Fórmula 1, tornando-se o primeiro piloto a conseguir cinco poles consecutivas em um mesmo Grande Prêmio. Juan Manual Fangio ( GPs da Itália de 1950,1951, 1954, 1955 e 1956 ) e Jim Clark ( GPs da Inglaterra de 1962, 1963, 1964, 1965 e 1967 ) também tinham cinco poles, mas não de forma consecutiva. Sem dúvida é algo especial fazer cinco poles seguidas num mesmo circuito. É um novo recorde é valioso para mim, declarou o brasileiro, animado. Se largar bem, não deverei ter problemas para vencer o GP de San Marino.

IMAGENS FORTES

No domingo, dia da corrida, Ayrton largou muito bem. Na quarta volta, já havia conseguido abrir boa distância de seus perseguidores, tinha quase 3 segundos de vantagem sobre o Prost e mais de 7 segundos sobre Mansell. Foi quando a prova precisou ser paralisada após um terrível acidente de Gerhard Berger na curva Tamburello. A Ferrari do austríaco passou reto, bateu forte no muro e explodiu em chamas alguns segundos depois.

Milagrosamente, Berger escapou do acidente apenas com fratura em uma costela e uma fissura no ombro direito, além de queimaduras que não eram tão severas. O bom atendimento de resgate do circuito Enzo e Dino Ferrari foi crucial para a salvação do austríaco; os bombeiros chegaram 13 segundos após a explosão e conseguiram extinguir as chamas em 10 segundos. Berger deixou o circuito de helicóptero, consciente.

DISPUTA ACIRRADA

Depois de 43 minutos de espera, foi realizada uma segunda largada, para que se completassem as 55 voltas restantes. Desta vez, foi Prost quem largou melhor, assumindo a primeira posição. Mas sua liderança durou apenas duas curvas: na entrada da Tosa, Senna ultrapassou o francês e voltou á ponta.

A partir daí, as McLaren protagonizaram um duelo eletrizante, em uma corrida só delas. Pisando fundo, Prost partiu para cima de Senna; o francês quebrou nada menos que quatro vezes o recorde da pista. Mas o brasileiro também exigia muito do carro e conseguiu, na ponta dos dedos, se manter á frente. Na 48a volta, Prost passou do ponto: rodou na pista e viu o companheiro se distanciar. A corrida se definiu ali.

Quando o Prost apertou, por volta da 20a volta, eu estava tendo problemas com o câmbio. Eu tinha de dar um tempo para mim e para o carro. Por isso, andamos juntos várias voltas. A briga foi tão forte que chegamos a tirar 3 segundos por volta sobre o Alessandro Nannini, que vinha em terceiro. Só depois que o Alain rodou é que a diferença aumentou bem, afirmou Senna. Depois disso, foi só administrar. E celebrar a primeira vitória do ano.

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