UMA VITÓRIA PARA O LIVRO DOS RECORDES; AYRTON SENNA, NÚMERO 1 DO BRASIL

Ayrton Senna vence o GP dos EUA 1990; uma vitória para o livro dos recordes

Com o triunfo em Phoenix, Senna deixou Piquet para trás e se tornou o piloto brasileiro com mais vitórias na história da Fórmula 1.

Na primeira corrida de sua sétima temporada como piloto de Fórmula 1, Ayrton Senna atingiu uma marca histórica. A vitória no Grande Prêmio dos Estados Unidos foi a 21a de sua carreira, façanha que isolou como o piloto brasileiro com o maior número de vitórias na máxima categoria do automobilismo.

Senna atingiu a marca em sua 95a corrida. Nelson Piquet, que em 1990 iniciava sua 13a temporada na Fórmula 1, tinha 20 vitórias em 173 provas. Emerson Fittipaldi, terceiro colocado, venceu 14 vezes em 144 GPs.

Além do recorde, Senna comemorava o retorno da alegria de pilotar, após uma série quase interminável de atribulações. Nos testes que fizemos no começo do ano tivemos problemas, e ainda estava desgastado com tudo o que aconteceu no ano passado, Mas foi sentar no carro que meu ânimo voltou. Guiar fez meu instinto natural aparecer.

MUDANÇA DE PLANOS

Acostumado a largar na pole position ou, quando muito, em segundo lugar, Ayrton precisou vir mais de trás para conquistar a vitória. Desta vez saí da terceira fila, e a minha preocupação era não me envolver em acidentes logo de saída e completar com cuidado a primeira volta, explicou, fornecendo mais detalhes de sua estratégia para a corrida em solo norte-americano. Eu simplesmente tentei seguir Alesi e Berger no começo da prova, até porque achava que com o ritmo que os dois vinham imprimindo , logo parariam para trocar pneus.

O erro do companheiro de equipe, porém, precipitou uma mudança de planos. Depois que o Berger bateu, o Alesi aumentou o ritmo, lá pela volta 25. Percebi que ele não pretendia parar tão cedo. Aí resolvi caçá-lo, mas sem saber se conseguiria, admitiu.

Eu me perguntava se o motor ia responder. Felizmente, respondeu. E o carro, mesmo com velocidade maior, ficou tão equilibrado como antes. Ultrapassá-lo foi difícil. Mas depois que consegui, acelerei para botar distância e no final só tive que administrá-la.

CADÊ?

Jean-Marie Balestre, presidente da Federação Internacional de Automobilismo Esportivo ( Fisa ), estava presente em Phoenix. Ao contrário do que acontece de praxe, entretanto, não subiu ao pódio para participar da entrega do troféu ao vencedor da corrida – no caso, Ayrton Senna. Por que o sempre espaçoso e barulhento chefão francês, tão enérgico e destemido nos bastidores, não deu as caras na cerimônia de premiação?

O brasileiro preferiu não comentar essa ausência, afirmando apenas que silêncios e sorrisos ás vezes dizem mais do que palavras.

JEAN ALESI, O ESTREANTE; UM FRANCÊS QUE ADMIRAVA SENNA

Na guerra entre Senna e Prost (e Balestre), nem todos os franceses estavam do lado dos compatriotas. Piloto da Tyrrel e destaque do GP dos Estados Unidos, Jean Alesi, que iniciava sua primeira temporada completa como piloto na Fórmula 1, garantia que o brasileiro era sua inspiração. Quando eu estava na Fórmula 3, Senna era meu ídolo. Queria ser igual a ele, afirmou, sem esconder a emoção de ter protagonizado um duelo na pista contra Senna.

Nunca achei que ele iria deixar a porta aberta. E confesso que estava intimidado. Afinal, era o Senna numa McLaren. Só retomei a liderança no puro instinto. Se tivesse pensado, eu me contentaria com o segundo lugar, admitiu, com um sorriso nos lábios.

Após a prova, Senna fez questão de elogiar Alesi cujo talento já começava a despertar a atenção das grandes equipes da categoria. Achei que ele demoraria ainda um pouco para mostrar todo o seu potencial. E me enganei. Desde que estreou, em junho, vem aproveitando cada uma das oportunidades que surgem á sua frente. A corrida de ontem foi prova disso. Ele largou bem e correu melhor ainda.

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